sábado, 26 de outubro de 2013

Conversa com o professor Pier

'Ninguém incentiva o aluno a estudar'


Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
Professor há 47 anos, Pierluigi Piazzi, 66, é crítico ferrenho do sistema de ensino brasileiro. Nasceu na Bologna, Itália, chegando ao Brasil em 1954. Nessa época, já havia lido pelo menos 100 livros de ficção científica, todas as obras de Shakespeare, as comédias de Molière, a Ilíada e a Odisséia. Integrante da Mensa, maior e mais antiga associação internacional de pessoas com alto Q.I. (Quociente de Inteligência), desde 1980, já preparou cerca de 100 mil alunos em cursinhos pré-vestibulares. Há 10 anos, realiza palestras em todo o País para pais, alunos e professores com o objetivo de divulgar a neuropedagogia.
Para ele, inteligência e talento se aprendem. "As pessoas têm o péssimo hábito de colocar uma etiqueta dizendo eu sou capaz de fazer isso e não sou capaz de fazer aquilo." Autor dos livros Aprendendo Inteligência, Estimulando Inteligência e Ensinando Inteligência, no dia 24 fará palestra gratuita no Senai Almirante Tamandaré, em São Bernardo.
DIÁRIO -  Qual a opinião do senhor sobre o novo Enem?
PIERLUIGI PIAZZI - Há uma diferença gigantesca entre exame e concurso. A função do exame é medir o grau de conhecimento do examinando. A função do concurso é discriminar candidatos, selecionar. Até o ano passado o que era o Enem? Um exame. Agora, transformaram-no em concurso. Ele decide se alguém consegue vaga em faculdade de medicina. O que vai acontecer, vão ter faculdades federais de medicina que terão 40 vagas e 300 candidatos que atingiram a nota máxima. E agora?
DIÁRIO - E quanto ao vazamento da prova?
PIAZZI - É óbvio. O processo de impressão e de distribuição disso tem mais vazamento que uma peneira.
DIÁRIO -  O ensino brasileiro está muito atrasado?
PIAZZI - Em 2003 foi feito um exame envolvendo 41 países. Só ficamos acima da Tunísia. Quer coisa mais absurda do que escola publicar calendário de provas? É o mesmo que estar falando: ‘Para que estudar todo dia? Só na hora da prova você dá uma rachadinha, tira nota e esquece tudo para não abarrotar o cérebro.'
DIÁRIO - A escola incentiva o aluno a tirar nota e não a obter conhecimento?
PIAZZI - Exatamente. E os pais querem que o filho passe de ano, tire nota. Ao invés da nota ser consequência do processo, virou objetivo.
DIÁRIO - O que acontecerá com o ensino brasileiro?
PIAZZI - Se continuar essa demagogia que sobrepõem as vontades eleitorais ao processo técnico, acabou. O ensino brasileiro vai ser destruído. Nós já somos um País de analfabetos funcionais; seremos um País de analfabetos reais. Sempre falo que as horas de estudo são mais importantes que as horas de aula. Ninguém incentiva o aluno a estudar. Agora, o Ministério da Educação resolveu mudar o Ensino Médio. O que fizeram? Aumentar as horas-aula ao invés de aumentar as horas de estudo.
DIÁRIO - O que falta para o ensino brasileiro atingir níveis aceitáveis de qualidade?
PIAZZI - Da noite para o dia poderíamos atingir níveis de qualidade fantásticos. Bastava mudar três coisas: primeiro, restaurar a autoridade do professor; depois, criar um mecanismo de não existir uma aula sequer que não tenha uma tarefa a ser executada depois; o terceiro é reformular a técnica de se ensinar Literatura. O Brasil tem milhões de alunos, mas pouquíssimos estudantes. Na hora em que o Ministério da Educação perceber que o único truque é transformar aluno em estudante, vai resolver. Porque aluno é quem assiste aula, estudante é alguém que estuda.
DIÁRIO - Por que existem tantas disparidades entre ensinos Fundamental e Médio públicos e a universidade pública?
PIAZZI - As universidades públicas também são ruins. Elas só são melhores do que as particulares porque, como são gratuitas, há seleção na entrada.
DIÁRIO - O que o senhor aborda em suas palestras?
PIAZZI - Mostro que a componente genética da inteligência é quase irrelevante. Qualquer um que tenha cérebro saudável tem condições de se tornar mais inteligente.
DIÁRIO - Como é possível ficar mais inteligente?
PIAZZI - São cinco passos. O primeiro é acreditar que é possível. O segundo é evitar as coisas que fazem abaixar o Q.I. - drogas lícitas e ilícitas e excesso de tecnologia. O terceiro é estudar pouco, mas todo dia, para fixar o que foi visto. O quarto passo é, se tiver um jeito fácil e um difícil, fazer o difícil; o cérebro precisa fazer musculação. E o quinto é ler muito.
DIÁRIO - Por que temos a ideia de que pessoas nascem com determinados talentos?
PIAZZI - A modelagem do cérebro humano começa no útero. Como os reflexos disso são muito precoces, as pessoas têm a sensação de que é genético, quando na realidade é ambiental. No século 19, uma família alemã tinha dois filhos. Um era bem-dotado musicalmente, o outro, uma nulidade musical. O bem-dotado foi para o conservatório, a nulidade foi para a faculdade de Direito. Anos depois, o músico morreu. A vontade da família em ter um músico era tão grande que o que estava fazendo Direito abandonou a faculdade, entrou no conservatório e se tornou um dos maiores compositores, Richard Wagner. As pessoas têm o péssimo hábito de colocar uma etiqueta: ‘sou capaz de fazer isso e não sou capaz de fazer aquilo.'

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sem ENEM sem facul

Estudante que entrou na faculdade sem concluir ensino médio não consegue mandado de segurança



A primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso em mandado de segurança a estudante que buscava o reconhecimento de direito líquido e certo, amparado por decisão liminar que garantiu seu ingresso na faculdade sem a conclusão do ensino médio.

O estudante foi aprovado no processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para o curso de Comunicação Social, ainda no terceiro ano do ensino médio. A faculdade chegou a convocá-lo para fazer a matrícula, uma vez que é permitida a certificação antecipada do ensino médio com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Pontuação insuficiente

Para ter direito à certificação antecipada, entretanto, o candidato deve alcançar uma pontuação mínima de 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento e 500 pontos na prova de redação. O estudante ficou 20 pontos abaixo do mínimo exigido para redação e teve sua matrícula indeferida.

Ao recorrer à Justiça, conseguiu liminar que garantiu a entrada na universidade, mas, alguns meses depois, a decisão foi revogada. O estudante impetrou mandado de segurança contra a revogação e o pedido foi denegado.

De acordo com o tribunal de segunda instância, uma vez que o estudante não obteve a pontuação exigida na avaliação do Enem, “não há falar em direito líquido e certo de obtenção de certificado de conclusão do ensino médio”.

Acórdão mantido

Inconformado, o estudante recorreu ao STJ, mas para o ministro Benedito Gonçalves, relator, a inscrição na instituição de ensino superior, embora tenha sido feita por força de liminar, não obedeceu aos requisitos legais.

Segundo o relator, a realização de matrícula e o tempo de frequência no curso superior “não têm o condão de consolidar a situação e permitir que lhe seja expedido o certificado de conclusão do ensino médio”.

Educação é a chave

Manual de etiqueta do consumidor

Chamar a polícia ou ser agressivo com o vendedor não são as atitudes mais eficazes para resolver problemas com um produto ou serviço. Veja como agir

Bianca Castanho , iG São Paulo 
Diz a máxima popular que ‘o cliente sempre tem razão’. Mas nem por isso ele pode agir da forma que bem entender ao reclamar de um produto ou serviço. “O consumidor não pode ultrapassar o limite do bom senso. Tem que saber onde termina o direito de um e começa o do outro”, explica a consultora de boas maneiras Sofia Rossi.
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É importante ter muita paciência e educação na hora de realizar reclamações

Reclamar é um direito, mas é necessário ser educado. Por mais desagradável que seja realizar uma queixa, o cliente deve estar disposto a resolver de maneira correta. “O consumidor tem que saber qual o caminho que deve fazer para ser atendido. O mais importante é ser objetivo e direto”, explica a especialista em boas maneiras Claudia Matarazzo, autora dos livros “Amor sem Frescura” (Editora Planeta do Brasil) e "Superdicas de Etiqueta" (Saraiva), entre outros.
Sofia aconselha, em primeiro lugar, fazer a reclamação em órgãos especializados, como a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) ou o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC). Selma do Amaral, diretora de atendimento do PROCON, afirma que o primeiro passo é procurar ferramentas para se reportar à empresa e, caso isso não funcione, acionar os órgãos reguladores. “O cliente tem que buscar os direitos dele”, diz.
Antes de fazer alguma compra, pergunte se a loja tem prazo de troca. Muitos estabelecimentos realizam a mudança por cortesia, e podem não aceitar.
É importante ser objetivo e direto na reclamação, tendo a certeza de que há realmente um defeito.  Se você se sentir lesado com um defeito no produto, não entre em brigas ou discuta com os vendedores. Muitas vezes os defeitos vêm direto da fábrica e arranjar confusão é ineficaz e vergonhoso nesse caso.
Já para reclamar de um vendedor, a principal dica é procurar  diretamente o gerente. Para uma reclamação do tipo ser levada ao PROCON, alguns pontos são necessários. “Se o vendedor não atingiu as normas de consumo -- como informar valor errado ou impedir que o cliente se desfaça do produto -- não configura uma reclamação”, comenta Selma.
Leia também: Você é civilizado?
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Educação é a chave. Procure entender que não há inimigos, todos só querem resolver o problema o mais rápido possível
Reação exagerada
Se a conversa evoluir para uma discussão, tente manter a calma e não se exaltar. Chamar a polícia é uma atitude exagerada e desnecessária. “Você tem direitos, o outro lado também. Chamar a polícia só vai servir para criar uma cena. Só é aceito se acontecer algum crime de injúria, calúnia ou contra a integridade”, ensina Selma.
O essencial é que tanto o vendedor quanto o consumidor estejam munidos de uma boa dose da paciência. Se a resolução do caso não for feita de maneira imediata e ambos os lados ficarem exaltados, Selma aconselha ir embora e repensar a abordagem. “O consumidor não deve fazer algo que comprometa os direitos envolvidos. Se não conseguir resolver no ato, volte depois. Uma reação exagerada pode acabar até mesmo em processo”.
Mas não é preciso adotar uma postura passiva em relação ao fato. O consumidor lesado tem o direito de ser ressarcido. “Tem que ter jogo de cintura. O ideal é perguntar a quem ouve a queixa quais as alternativas que você tem. Mas tem que ter paciência, pois nem sempre a resolução é fácil”, comenta Claudia.
Para ser atendido de maneira satisfatória, é importante manter a calma e ser civilizado, porém firme. Discussões não levam a nada e minam os direitos tanto do cliente quanto do vendedor. “O vendedor tem que mostrar que está do lado do cliente. Não tem porque brigarem, se a solução pode ser encontrada em conjunto”, finaliza Claudia Matarazzo.

Lei 11.644 de 2008

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o  A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 442-A:
Art. 442-A.  Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade.”
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
 Brasília,  10  de  março  de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

domingo, 20 de outubro de 2013

Erros curriculares

Os 10 erros mais frequentes no currículo

Recrutadores de grandes empresas citam as principais gafes de quem busca um emprego

Murilo Aguiar - iG São Paulo 
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Ao mentir sobre o nível de inglês, o candidato corre o risco de ser desmascarado durante a entrevista
Ao iniciar a procura por um novo ou primeiro emprego, muitos são os conselhos sobre como montar o currículo ideal . Para dificultar a situação, quando se pesquisa na internet um modelo padrão, aparecem inúmeras opções. “O currículo é a carta de apresentação de um profissional, ou seja, o passaporte para o agendamento de uma entrevista”, avalia Glizia Prado, gerente de RH da Fiat Chrysler. Por ser uma parte inevitável do processo, a montagem de um bom currículo é essencial e pode definir o sucesso da busca.
Com tantas sugestões disponíveis, a probabilidade de cometer erros aumenta. Para mostrar quais são os equívocos mais comuns e as maneiras de evita-los, o iG ouviu recrutadores e gerentes de Recursos Humanos das maiores empresas do Brasil. Veja abaixo os 10 erros mais frequentes no currículo apontados pelos especialistas:
1 – Mentir sobre o nível de inglês
“São incontáveis os casos de pessoas que colocam nível de inglês fluente quando têm o básico. É impressionante. Isso não é uma omissão, é uma mentira”, alerta Gabriela Colo, recrutadora da Havik, consultoria em RH que faz seleções para o setor bancário e industrial. “Você chega na entrevista e a pessoa fala: 'Veja bem, era fluente mas está enferrujado’. Isso não existe”, completa.
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Candidatos já colocaram o currículo no Google Tradutor e o resultado foi uma tradução macarrônica
Em algumas ocasiões, os recrutadores pedem que uma versão do currículo em inglês seja enviada juntamente com a versão em português, para avaliar o nível de conhecimento. “A gente já teve candidato que colocou [o currículo] no Google Translator [ferramenta de tradução do Google] e saiu aquela tradução macarrônica. É péssimo. Se tem que tomar cuidado com o português, tem que tomar cuidado com outra língua”, comenta Paulo Moraes, consultor da Talenses, empresa que seleciona para organizações como Alpargatas, Serasa Experian e Johnson&Johnson.
Para impedir que isso aconteça, o profissional tem de ser honesto em todas as informações que constam no currículo. Desta maneira, ele não perde credibilidade, além de poupar o próprio tempo participando de entrevistas sem ter o perfil procurado pela empresa.
2 – Colocar todos os documentos pessoais
“As pessoas têm mania de colocar os números do RG, CPF e todos os documentos possíveis. Você está expondo uma coisa desnecessária”, conta Caroline Cobiak, consultora da RH Across, empresa que faz recrutamento para a BRF, Whirpool, JBS, entre outras. Ainda que o profissional passe no processo seletivo, a equipe de RH da companhia só deve solicitar os documentos no momento da contratação.
Além disso, é preciso levar em consideração a questão da segurança pessoal. “Não se deve colocar o endereço residencial, ainda mais se for um executivo”, diz o headhunter Ricardo Nogueira, presidente da empresa de recrutamento Junto Brasil. A dica é colocar apenas o nome completo, idade, nacionalidade, estado civil e dados para contato – como telefone e endereço de e-mail.
3 – Prolongar-se nas características pessoais
É comum que o profissional comece o currículo colocando características de sua personalidade como, por exemplo, ser observador, pró-ativo e perfeccionista. Para alguns especialistas, esta apresentação de qualidades é muito subjetiva e não acrescenta dados significativos sobre o candidato. “Se eu preciso de alguém que é detalhista, eu vou checar por meio de questões [durante a entrevista]. Ele não precisa se vender como detalhista”, diz Caroline Cobiak.
Além disso, o profissional precisa estar atento ao espaço dedicado para esta seção. Por não ser de suma importância, o ideal é que este tópico não ocupe mais do que algumas linhas. “[O currículo] deve ser curto o suficiente para gerar a vontade de ler, mas na medida certa de conteúdo para ser chamado para uma entrevista”, fala Marcelo Arantes, vice-presidente de Pessoas & Organização da Braskem.
4 – Esconder a idade
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Esconder a idade no currículo dá abertura para que o recrutador imagine o que quiser
“Existe um fantasma de que depois dos 40 anos fica difícil conseguir emprego. Por conta disso, as pessoas acabam não colocando a idade”, comenta Ricardo Nogueira. Segundo ele, ao omitir essa informação, o candidato permite que o recrutador imagine a idade que quiser. “Existe um pré-julgamento do selecionador de que aquele cara não colocou a idade porque deve ter uns 70 anos. Então o candidato que poderia ter mais chance acaba sendo preterido”, conta ele.
5 – Limitar o objetivo de carreira
Em alguns casos, quando se constrói um currículo almejando uma vaga específica, o profissional põe como seu objetivo ocupar apenas aquela posição. “Se você coloca seu objetivo, eu naturalmente vou lhe descartar para qualquer outro projeto que surja”, observa Moraes, da Talenses.
O recomendável é que seja especificada apenas a área de atuação. Para uma vaga de analista pleno de marketing, por exemplo, o ideal é colocar como objetivo ocupar uma posição na área de marketing ou comunicação. Desta maneira, o currículo do candidato pode ser guardado para futuras oportunidades neste setor.
6 – Omitir a data de conclusão da formação acadêmica
No tópico de formação acadêmica, é necessário escrever a data de conclusão de cada curso. Isso é importante não só para que o recrutador saiba há quanto tempo o profissional se formou, mas também para ter certeza de que o curso foi concluído. “Existem casos em que a gente vê que não tem data de formação e no momento da admissão, quando se pede o diploma como documentação, a gente descobre que [o candidato] não tem. Isso inviabiliza todo o processo”, conta Gabriela Colo, da Havik.
Para evitar mal-entendidos, a pessoa pode especificar que o curso não foi concluído ou está trancado. “Informações inverídicas não são uma opção. Mesmo uma pessoa que tenha um bom currículo fica marcada por falta de honestidade. Causa desconfiança na empresa e no recrutador”, alerta ela.
7 – Colocar foto
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Não coloque foto no currículo, a não ser que seja uma exigência da seleção
O uso da foto no currículo só é válido quando a descrição da vaga fizer esta exigência. “Talvez a única exceção seja em processos de projetos, que tem um volume de vagas muito grandes. A gente utiliza sim [a foto] e até pede, mas é só para os recrutadores terem mais uma maneira de lembrar quem é quem”, diz a recrutadora Gabriela.
Segundo Nogueira, a foto também pode ser interpretada como uma maneira de conquistar o recrutador pela aparência física. “A pessoa se vale de uma foto – a mulher com o decote ou o rapaz na academia com camiseta regata”, comenta.
8 – Ser vago na experiência profissional
Experiências anteriores são os dados mais importantes de um currículo. Segundo os especialistas, este é o primeiro tópico que um recrutador lê. Portanto, é preciso ter cuidado redobrado com as informações sobre passagens em outras empresas. “Percebo, em diversas ocasiões, que as pessoas não são claras nas contribuições que deixaram em cada empresa onde atuaram. Escrevem muito e, às vezes, não conseguem explicar para o leitor como contribuiram”, observa Arantes, da Braskem.
Para Ricardo Nogueira, da Junto Brasil, um bom currículo é aquele que descreve os resultados obtidos. “Ficar falando ‘experiência em...’, ‘vivência em...’ ou ‘habilidade em...’ é tudo pressuposto. Utilizar-se de clichês é muito cansativo e não leva a lugar nenhum. A gente não consegue determinar previamente se o candidato é bom”, avalia o recrutador.
O ideal é selecionar os projetos mais relevantes e interessantes que produziu em seus últimos empregos e especificar quais ações desenvolvidas por ele foram essenciais para o sucesso do trabalho. Além disso, é preciso escrever quais foram os resultados do projeto, como o percentual de aumento de vendas, por exemplo.
9 – Descrever hobbies pessoais irrelevantes
Como os recrutadores lidam com uma quantidade considerável de currículos por dia, o profissional deve ser claro e apresentar informações que possam ser interpretadas por quem está lendo. Isso é válido também para a descrição dos hobbies pessoais. Assistir a filmes e escutar música são hábitos compartilhados por muitas pessoas, o que impede que o avaliador chegue a qualquer conclusão sobre seu comportamento.
Caso o profissional sinta necessidade, o aconselhável é que ele descreva hobbies mais específicos. “Por exemplo, a pessoa que faz ironman [competição de triatlo – esporte que combina natação, corrida e ciclismo] tem que ser muito disciplinada e determinada. A pessoa que faz teatro tem uma boa habilidade de comunicação”, observa Gabriela.
10 – Escrever anexos desesperados
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Candidatos que enviam currículo por e-mail devem ser breves no texto de apresentação
Alguns candidatos restringem a formalidade apenas ao currículo e acabam enviando textos no corpo do e-mail tentando persuadir o recrutador para que o contrate. "Parecem correntes de internet, com o pai que a mulher abandonou e está com três crianças. Quase que fui lá dar uma grana para o cara. É para você ficar com dó", conta Nogueira.
Arantes, da Braskem, afirma que algumas pessoas vão além do texto. “Uma vez, um profissional fez um currículo e junto enviou, para uma pessoa da minha equipe, uma garrafa de cerveja e dois copos convidando-a para um happy hour para se conhecerem”, lembra.
O profissional não pode se esquecer de que quem vai ler o currículo ainda não o conhece, portanto, atitudes como mandar presentes podem ser mal interpretadas.
Para evitar cometer tais erros, o ideal é que quem esteja na procura por um emprego pesquise modelos de currículos e cartas de apresentação na internet. Também é válido pedir para conhecidos pegarem alguns modelos de CVs que a área de RH de suas empresas indicar. Desta forma, o recrutador prestará atenção apenas nas suas competências e não em equívocos que podem ser facilmente evitados.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Erros mais A-normais do português.

1. "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
2. "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
3. "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.
4. "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam ideias.
5. Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
6. Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.
7. "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
8. "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
9. "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.
10. "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.
11. Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
12. Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.
13. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.
14. Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).
15. Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
16. Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.
17. Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.
18. "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.
19. "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.
20. Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
21. Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.
22. Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.
23. Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.
24. O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.
25. A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
26. Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.
27. "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.
28. Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.
29. A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.
30. Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.
31. O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho).
32. Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?
33. "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.
34. O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.
35. Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.
36. "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.
37. A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.
38. A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.
39. Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.
40. Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
41. Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.
42. "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.
43. Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.
44. Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.
45. Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
46. Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.
47. Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.
48. O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao") Procon.
49. As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
50. Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe- iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá- se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo- me formado (e nunca tendo "formado-me").
51. Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
52. Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.
53. A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos.
54. Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.
55. Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.
56. Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.
57. O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.
58. À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.
59. Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).
60. Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.
61. A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)
62. Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.
63. Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.
64. Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de q e g e antes de e e i, segundo a nova ortografia, não exige trema, mas a pronúncia continua a mesma: Tranquilo, consequência, linguiça, aguentar, Birigui.
65. Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.
66. "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.
67. Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.
68. Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.
69. Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").
70. Vou sair "essa" noite. É este que designa o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).
71. A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.
72. A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.
73. Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.
74. Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.
75. Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.
76. Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeque", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.
77. Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc.
78. Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc.
79. Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.
80. O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.
81. A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...
82. Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.
83. Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Já outras palavras que, antes tinham acento, com a nova ortografia mudaram. É o caso de pelo e pelos (cabelo, cabelos), para (verbo parar), pela (bola ou verbo pelar), pelo (verbo pelar), polo e polos.
84. "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.
85. A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).
86. Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).
87. O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.
88. Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.
89. "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).
90. A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").
91. O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.
92. "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.
93. A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.
94. É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...
95. Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").
96. Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.
97. A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.
98. "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...
99. Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.
100. "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.