terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Copiado do blog Ombudsmãe.

Escola 1: 

Quando a professora se aproxima para ver a tarefa, a menina explica em voz baixa e envergonhada que o pai bêbado havia batido na mãe, tiveram que chamar a polícia e, na confusão, não conseguiu fazer a lição. A professora dá de ombros, vira as costas e enquanto retorna para a lousa, diz em voz alta para toda a classe ouvir que aquilo não era desculpa e que a tarefa era para ser feita independente de tudo.

A menina se enfurece, os olhos se enchem de lágrimas, sai da sala empurrando cadeiras, batendo a porta e chamando a professora de vaca. Por conta disso toma uma advertência.

Escola 2: 

O menino, que nunca foi aluno nota 10, tem uma piora no rendimento. Angustiada, a mãe procura a coordenadora da escola. Ela conta que o marido está bebendo muito e o filho presenciou o pai alcoolizado agredir a mãe. Após o desabafo, a coordenadora tranquiliza a mãe, informando que iria discutir o caso com os educadores e que juntos traçariam um plano de apoio para que o garoto conseguisse atravessar o vendaval familiar sem tanto prejuízo ao seu desempenho escolar. Se comprometeu também a conversar semanalmente com o menino, para acompanhar suas evoluções e, antes de encerrar a reunião, orientou a mãe sobre como ajudá-lo nos estudos domésticos.

De acordo com relatos da própria mãe,  a partir desse dia, a melhora do menino foi a olhos vistos. Não virou o melhor da sala, mas recuperou a média em todas as disciplinas. E "voltou a sair da escola sorrindo, coisa que há tempos não fazia". Ela ainda se emociona quando pensa em como a situação do casal afetou o filho, mas diz que a postura da escola a ajudou a perceber que ela não podia mais permitir que o filho se prejudicasse tanto.

Duas escolas com problemas semelhantes. Duas abordagens completamente distintas. Os dramas humanos são os mesmos. O que muda é o preparo, o respeito e o comprometimento dos educadores envolvidos. Muda também a consciência de que o desempenho deles e dos alunos está totalmente atrelado à vida que insiste em pulsar do lado de fora dos muros.

Não vou sequer comentar a atitude da primeira professora. Os fatos falam por si e definem bem quem deveria ter sido advertido. 

Prefiro valorizar o segundo caso. Nele, o que mais me chamou a atenção foi a percepção da coordenadora em agir sem tomar para si o problema que era da família. A questão foi conduzida pela escola de forma clara: "faremos tudo o que for possível para ajudar seu menino no desempenho escolar". Ela não deu conselhos, não julgou, não tentou consertar o mundo, nem agendou reunião no AA para o pai. Simplesmente fez o que foi possível para atuar junto ao garoto de forma a minimizar os danos naquilo que era da sua competência. E com isso, foram todos muito bem sucedidos. O resgate educacional foi feito. A auto-estima do aluno melhorou como um todo. Ele se sentiu compreendido e acolhido por toda a equipe sem ter seu drama exposto. 

Matricular seu filho numa escola fechada pra vida é como colocá-lo numa clínica para pacientes com alzheimer. Ninguém vê ninguém e o outro não existe. Felizes dos alunos que nesta situação ainda conseguem chutar cadeiras.

Opinião: Antes de condenar a professora, lembre-se que se você está de fora, você só verá a atitude da professora. Não estou defendendo a atitude dela, mas professor nenhum nasce ruim. O que ocorre é que o descaso da sociedade para com a classe docente é tanta que alguns profissionais ainda não conseguem lidar com TODOS os problemas da sociedade, considerando que o professor não é mais visto como a pessoa que ENSINA, mas sim como quem EDUCA (absurdo - pois essa preconização teria que vir dos responsáveis), cuida, acode, acolhe, aplica remédio, encaminha para psicólogo entre outros.

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