sábado, 23 de abril de 2011

O estado e a prova aos professores

Lisandra Paraguassu - O Estado de S.Paulo
A formatação final da prova nacional de professores foi fruto de longa negociação com secretários estaduais e municipais de educação e com entidades de classe dos docentes. Nessas conversas, duas ideias que surgiram no início, em 2009, ficaram pelo caminho: usar o exame para avaliar professores da ativa e torná-lo obrigatório para os formandos em licenciatura que quisessem efetivamente trabalhar na área.
A primeira surgiu na reunião do Conselho de Dirigentes Estaduais de Educação. A segunda foi levantada pelo próprio MEC. Nenhuma das duas propostas agradou aos sindicatos e foram descartadas - ao menos por enquanto - para que se minimizasse ao máximo as resistências.
Se pode retirar da prova a obrigatoriedade para formandos, já que é o legislador nessa área, o MEC não pode impedir que as redes formulem provas próprias, com base nos itens da prova nacional, para avaliar seus docentes. A ideia da avaliação na ativa tem ganhado força em várias redes e já foi defendida pelo ministro Fernando Haddad como uma ferramenta para a efetivação do professor - há até mesmo previsão legal para isso na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Por enquanto, a portaria que cria a prova menciona apenas a possibilidade de que o MEC use os resultados para a "formulação" e a "avaliação" de políticas públicas para a formação de professores.


Estudo comprova que criança que lê mais escreve melhor



SXC
Pesquisa comprova que criança que lê mais escreve melhor
Pesquisa comprova que criança que lê mais escreve melhor

Está comprovado que as crianças que leem e escrevem mais são melhores na leitura e na escrita. E escrevendo posts de blogs, atualizações de status, mensagens de texto, mensagens instantâneas, e todas as coisas semelhantes, motivam crianças a ler e escrever.
No mês passado, o "The Nacional Literancy Trust", Fundo Nacional de Alfabetização do Reino Unido, divulgou o resultado de uma pesquisa com 3 mil crianças. Eles observaram a correlação entre o engajamento das crianças com as mídias sociais e seu conhecimento da leitura e da escrita.
No resultado eles perceberam que as mídias sociais têm ajudado as crianças a se tornarem mais literatas. Além disso, a Eurostat, organização estatística da Comissão Europeia, recentemente publicou uma matéria mostrando a correlação entre educação e atividade online, que indicou que a atividade online aumentou com o nível de atividade formal (os fatores sócio-economicos estão, é claro, influenciando potencialmente).
Blogueiro: Jesus, Maria, José, Darth Vader e o Budha! Só falta agora eles descobrirem que se as crianças fizerem lição de casa, em casa, eles irão reter o conteúdo nas cabecinhas deles....


Alckmin corta aulas da rede pública em escola de idioma

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), acabou com o projeto que oferecia aulas de idiomas em escolas privadas, por meio de bolsas, a alunos da rede pública.
A informação é do repórter Fábio Takahashi, publicada na edição desta segunda-feira da Folha
O programa, do antecessor José Serra (PSDB), atendeu 80,8 mil alunos em 2010. A Secretaria da Educação afirma que os cursos oferecidos nos centros da própria rede --que hoje atendem a 58 mil alunos-- serão ampliados.
Tucano encerra projeto criado por Serra que atendeu a 80,8 mil alunos em 2010
Cursos nos centros da própria rede, afirma a secredtaria, serão ampliados, mas não existe prazo para isso

O governo Geraldo Alckmin acabou com o programa criado por seu antecessor, José Serra, que oferecia aulas extracurriculares de idiomas em escolas privadas a alunos da rede estadual. Em 2010, haviam sido atendidos 80,8 mil alunos.
Além das aulas regulares de inglês e espanhol, alunos das escolas estaduais podiam fazer cursos extras de idiomas na rede particular, por meio de uma bolsa concedida pelo Estado, ou em centros de idiomas que existem na própria rede pública.
Para a atual Secretaria da Educação de SP, os cursos em seus próprios centros de idiomas (que hoje atendem a 58 mil alunos) são mais baratos, têm evasão menor e, por isso, serão ampliados.
Por enquanto, os 80,8 mil alunos que fizeram os cursos na rede particular estão sem aulas desde o início do ano.
Segundo a Folha apurou, a secretaria apresentará nos próximos dias proposta para oferecer 200 mil vagas nos seus centros de idiomas.
Cerca de 3 milhões de alunos entre a sexta série e o terceiro ano do médio podem usufruir do benefício.
A secretaria, porém, não explica quando as aulas irão começar nem como conseguirá ampliar o atendimento, já que muitas escolas não têm infraestrutura para essas aulas a mais.
Para a gestão Serra, convênios com escolas como CCAA, Cultura Inglesa e Wizzard eram a melhor forma de expandir vagas, pois os seus centros estavam presentes em só 98 dos 645 municípios.
Em nota à Folha, a atual secretaria diz que, para atender a 80,8 mil alunos na rede privada, o Estado gastou o equivalente a R$ 507 por aluno/ano. Para os dos seus próprios centros, R$ 14.
Mas o dado informado pela pasta desconsidera gasto com salário de docentes, que são da própria rede - a secretaria disse que não seria possível fazer esse cálculo.
Ainda segundo a gestão Alckmin, a taxa de evasão nos seus centros de idiomas foi de 14%, "bem inferior" aos 32% nas particulares.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, Alckmin prometeu que 600 mil estudantes iriam fazer curso extracurricular de idiomas - não especificou, porém, se seriam por meio da rede particular ou dos centros.
Secretário da Educação do governo Serra, Paulo Renato Souza não quis comentar a decisão do atual governo de encerrar o programa nem as críticas em relação aos custos. Disse apenas "lamentar a decisão". "Era um programa pelo qual o próprio Alckmin tinha apreço."


Era bom porque inglês na escola é fraco, diz aluna

Raphael Marchiori
Estudante entrevistada em divulgação de programa lamenta fim de convênio.
Especialistas dizem que ampliação de aulas extrar em centro de idiomas de próprio governo é positiva.
A estudante Isabella Baggio, 19, uma das beneficiadas com uma bolsa do governo paulista em uma unidade da Cultura Inglesa em Sorocaba (interior de SP), diz que gostaria de continuar o curso.
"Infelizmente a bolsa terminou e minha confição financeira não me permitiu continuar", afirma Isabella.
Na época do lançamento do convênio, a estudante foi entrevistada pela assessoria de imprensa da Secretaria da Educação justamente para divulgar o novo programa.
"Foi bom para a turma. Tinham pessoas interessadas porque o inglês na escola estadual é fraco."
Para especialistas, a decisão da gestão Alckmin de suspender os convênios e ampliar o número de aulas extras em seu próprio centro de idiomas é positiva.
"O ideal é que os recursos destinados a parcerias como essas fossem investidos na própria escola, ampliando, por exemplo, a capacidade desses centros", diz Marília Mendes Ferreira, professora de ensino e aprendizagem da língua inglesa da USP.
"Se o curso fosse complementar ao conteúdo pedagógico do Estado, talvez as bolsas funcionassem. Mas essa carga horária (80 horas) já limita o ensino", diz Marília.
Claudia Hilsdorf Rocha, coordenadora do Centro de Estudos de Língua da Unicamp (Universidade de Campinas), tem opinião parecida.
"Essas escolas de inglês provavelmente não se adaptaram à metodologia e ao conteúdo das escolas estaduais para atender aos novos alunos", diz a coordenadora.


Um momento precípuo na profissão de professores

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PHILIP FLETCHER



A primeira reunião internacional de cúpula da profissão de professores (veja aqui site oficial do evento) realizou-se em meados de março passado na cidade de Nova York, organizado pelo Ministério da Educação dos EUA, a OCDE e a Educação Internacional, uma associação internacional de professores.
Todos os 16 países representados eram participantes do Pisa com o desempenho mais alto ou que demonstraram rápidos avanços nas últimas avaliações, tais como Polônia e o Brasil. O propósito da reunião era sondar o que os outros países estão fazendo para incentivar o ensino e a aprendizagem para tentar descobrir o que efetivamente funciona nesse setor.
Como será que os países mais bem sucedidos do Pisa gerenciam o ensino para obter esses bons resultados?
Segundo os representantes dos governos e associações profissionais de ensino nos países de desempenho mais alto do Pisa, a profissão de professor atrai os mais bem-sucedidos alunos formados em cada geração, aplicando os critérios mais exigentes para assegurar os recrutas mais fortes para seus programas de treinamento docente.
Por exemplo, na Finlândia, apenas 1 em cada 10 candidatos entra na profissão depois de cumprir um processo rigoroso de seleção em múltipla etapas que visa recrutar apenas os mais bem qualificados.
A seleção dos professores não se baseia apenas na sua competência cognitiva, mas dá igual importância a seu potencial de liderança, seus valores éticos, disposição para ensinar e sua habilidade e capacidade de comunicar e de se relacionar bem com outras pessoas.
Uma vez que os recrutas dos países de maior desempenho no Pisa entram na profissão, eles participam em média de quinze horas por semana na observação das salas de aula, na colaboração com colegas e em atividades profissionalizantes a longo prazo.
Onde a proficiência dos alunos é mais alta, os professores têm ampla autonomia no desempenho de suas atividades didáticas para alcançar alunos com diversos estilos de aprendizagem. Mesmo nos países com fortes ministérios de educação e currículos nacionais, as escolas e os professores têm liberdade ampla para organizar o ensino de forma que coadune com seus estilos individuais e para satisfazer as necessidades específicas dos alunos com os quais trabalham.
Esses professores apreciam essa autonomia como emblema de seu profissionalismo, o que sustenta a estima e o respeito na comunidade. Nos países onde os alunos recebem os melhores resultados nos testes padronizados internacionais, a remuneração dos professores se encontra no nível dos salários dos engenheiros, médicos e outros profissionais.
No entanto, nenhuma fórmula única cabe a todos. Por exemplo, em Cingapura, os alunos que ser tornarão professores vêm dos 30% mais proficientes do ensino médio. Eles recebem salários competitivos para assegurar que esses egressos mais competentes não migrem para outras profissões igualmente bem remuneradas.
Existe um elenco de oportunidades de careira contínuas e de largo horizonte para professores dentro das salas de aula, como pesquisadores nas diversas áreas de material curricular e na gerência e administração de docentes. A avaliação e a recompensa dos professores apoiam as metas de atrair para a profissão os melhores, prepará-los com o melhor treinamento e experiência, oferecendo apoio para aprimorar o ensino e incentivar seu melhor desempenho.
Uma parte substancial da recompensa financeira dos professores em Cingapura, entre 10% e 30%, é baseada no seu desempenho, e essa parcela aumenta com o número de anos na profissão.
O verdadeiro impacto de um evento como esse dependerá efetivamente do que se fizer a partir do que foi ouvido. Isso requer um esforço consultivo entre todos que estiveram presentes e um compromisso de diálogo respeitoso para enfrentar os desafios difíceis, porém necessários, que o Brasil deve enfrentar para alcançar o patamar dos países de alto desempenho na educação.
Philip Fletcher é membro do conselho consultivo da Avalia Educacional, empresa de avaliação de escolas e sistemas de ensino do grupo Santillana. No Brasil, foi consultor do Ministério da Educação e assessor da Fundação Carlos Chagas, em trabalhos com o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).
LEIA AQUI A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA COM O PROFESSOR LEE SING KONG, DIRETOR DO NIE (INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, EM INGLÊS), ÚNICA INSTITUIÇÃO QUE FORMA DOCENTES EM CINGAPURA. ELE VEIO AO PAÍS PARA PARTICIPAR DO SEGUNDO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PRÁTICAS INOVADORAS PARA A EDUCAÇÃO, PROMOVIDO NA SEMANA PASSADA, EM SÃO PAULO.
Em Cingapura, professor recebe salário enquanto estuda
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JULIANA DORETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Leia a seguir a íntegra da entrevista com o professor Lee Sing Kong, diretor do NIE (Instituto Nacional de Educação, em inglês), única instituição que forma docentes em Cingapura. Ele veio ao país para participar do segundo Seminário Internacional de Práticas Inovadoras para a Educação, promovido na semana passada, em São Paulo.
O instituto foi importante para a última reforma educacional do país, desenvolvida na década de 90, a "Thinking Schools Learning Nation" [Pensando escolas, nação aprendendo, em tradução livre]?
O NIE desempenha um papel fundamental em todas as iniciativas de reforma na área, já que os professores devem entender o que elas [as reformas] significam e saber que são instrumentos para que tenham impacto. Com o lançamento da "Thinking", em 1997, o papel dos professores mudou: de apenas transmitir conteúdo para contribuir para o desenvolvimento integral de todos os alunos, ajudando-os a descobrir seus talentos. Tomemos a ciência como exemplo. Se os professores fazem perguntas para criar uma curiosidade entre os estudantes, os alunos podem ser encorajados a pensar e a descobrir. Com a mudança do papel dos professores, a nossa forma de treinar também deve evoluir.
Como o instituto cuida da formação de professores em Cingapura?
O recrutamento de candidatos para o ensino público é realizado pelo Ministério da Educação (MOE), com ajuda do NIE. Logo, todos os estudantes-professores são na verdade funcionários do MOE. O ministério paga os custos da formação, e os professores alunos também recebem um salário enquanto estudam. Nosso trabalho principal é treinar professores iniciantes, mas também oferecemos pós-graduação para professores já em serviço. Em média, o NIE forma cerca de 2.000 professores iniciantes anualmente e aproximadamente 700 mestres.
Como os professores podem progredir na carreira?
Os professores em Cingapura são avaliados anualmente. Os critérios estão claramente expostos no "Enhanced Performance Management System" [Sistema de Gestão de Desempenho Aprimorado]. Diretores, vice-diretores e chefes de departamentos usam esses critérios para avaliar os professores, face a face. O processo de avaliação também ajuda os professores a orientar seus caminhos de desenvolvimento profissional. Professores com um bom desempenho são promovidos.
O NIE também desenvolve novas práticas de ensino que são adotadas nas escolas. Como isso funciona?
O NIE, sendo o instituto nacional de formação de professores, realiza extensa pesquisa com o objetivo de adotar os resultados nas práticas de sala de aula. Trabalhamos em estreita colaboração com os professores no processo de condução dessas pesquisas e, se forem implementadas, oferecemos treinamento profissional sobre como adotar tais práticas. A capacidade dos professores precisa ser construída antes que qualquer mudança nas práticas de sala de aula possa ser introduzida.
Um exemplo simples é o uso de dispositivos móveis para a aprendizagem contínua. Palmtops ou celulares têm sido adotados como ferramentas que permitem aos alunos aprender dentro e fora da sala. Os professores são preparados para facilitar essa aprendizagem. Então, isso é adotado em algumas escolas e depois ampliado para outras.
As escolas de Cingapura têm autonomia e têm de definir algumas metas de trabalho, cenário que lembra o mundo dos negócios. Isso funciona em um sistema educacional?
O Ministério da Educação tem uma estrutura chamada de "Modelo de Escola de Excelência", que orienta as escolas sobre como planejar suas metas e estratégias de desenvolvimento. Cada escola é diferente da outra e cada escola pode definir seus próprios objetivos e estratégias. Isso oferece a autonomia de traçar seu ritmo de desenvolvimento. Esse modelo também orienta as escolas em como avaliar seu progresso e suas realizações. A cada cinco anos aproximadamente, um grupo de avaliação externa vai visitar a escola.
O senhor acredita que a experiência de Cingapura possa ser usada aqui?
Uma diferença fundamental é que o sistema de ensino no Brasil é muito maior que o de Cingapura. Um país não pode transportar totalmente o sistema de outro país, já que o contexto, a cultura e o "ethos" nacional podem ser diferentes. Mas podemos sempre aprender uns com os outros. O sistema de Cingapura tem evoluído assim.
Editoria de Arte / Folhapress

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