quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Daniel e o Senai.



O Daniel e o Senai.
Certa vez meu irmão me comentou uma história que eu já não lembrava. Falou da época em que estudava no Epitácio Pessoa, na sexta série. O ‘vacilão’ ficou enzonando o ano inteiro e por causa disso o conselho da escola havia resolvido coloca-lo em espera para que minha mãe viesse para assinar a responsabilidade dele passar de ano. Minha surpresa não foi grande ao descobrir que minha matriarca havia assinado para que meu irmão ficasse retido naquela série. Ele ficou p da vida, mas teve que aceitar.
Repensando o que ele passou, me disse que aquilo foi uma coisa boa, pois no ano seguinte, para não ser retido novamente, o Daniel se empenhou em todas as matérias, e acabou passando com muitas, senão todas as notas altas.
Um tempo se passou, e ele foi admitido no Senai do Brás e começou então a estudar como doido. Entrava às sete, saía ao meio dia para almoçar, voltava à uma, ficava até as cinco, voltava para casa, tomava banho, e ainda tinha que ir para o ensino médio, das sete às onze da noite.
Até o ano de 1998, ele estava se lascando de estudar, mas estava se dando bem. Porém, nesse mesmo ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente (famoso ECA) resolveu que tinha que tomar uma atitude a respeito do número de horas dos cursos técnicos. Segundo os “especialistas em educação”, as crianças que ficam nas escolas de aprimoramentos profissionais (SENAI) estavam ficando o dia inteiro e a noite na escola, contudo, tinham o ‘direito’ de poder ficar na rua brincando (claro, a rua é um lugar hiper seguro para uma criança ficar sozinha, sem os pais, né?).
Então o governo resolveu diminuir as horas de estudo do SENAI para apenas 5 horas.
Meu irmão e alguns alunos do SENAI acharam um absurdo aquilo, então fizeram o que acharam o mais certo.
Prestaram outro vestibulinho para o SENAI do Tatuapé, passaram, e no horário da tarde, das 1 – 5, fizeram outro curso de sua preferência, porém sem se descuidar do Ensino Médio à noite.
Durante os 3 anos em que estudou nesse ritmo, meu irmão literalmente SE FODEU de tanto estudar. Contudo hoje, após fazer faculdade, ele conseguiu se formar como Engenheiro e está se dando muito bem, principalmente porque muitas das coisas que as pessoas viam na facul, ele já tinha feito no SENAI, e também porque alguns professores do SENAI, ao invés de passar a mão na cabeça dos alunos, sempre tiveram a preocupação de FAZER COM QUE OS ALUNOS FORMADOS ALI SAÍSSEM COMO SERES HUMANOS EM PRIMEIRO LUGAR! Acho que nesse caso, valeu a pena meu irmão burlar as regras de maneira positiva e se lascar um pouquinho, ou não?

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