terça-feira, 21 de setembro de 2010

Burned Out


Síndrome de Burned Out

Só para refrescar a memória dos professores, e lembrar que nós não somos nada mais que uma classe desclassificada, pela escola, pelo governo e pela sociedade. É por isso que ganhamos este mínimo salário. Pessoas que exercem uma profissão decente não passa pelo que passamos, pois têm a assistência de todos os órgãos governamentais, o que não é o nosso caso.
Meus pêsames à educação e ao magistério. Pelo que se vê em breve não mais haverá professores nas escolas. "Talvez" aí, os governos venham a nos dar atenção.É feito como quem morre, só é valorizado depois que morre.

Ana Valéria



Essa situação mudará quando?
Quando a "elite" da educação começar a olhar para a parte fraca e essencial do sistema: O professor, antes chamado de mestre.








O movimento "Cansei" deveria ser de professores !

Cansei de ser esparro de políticas educacionais duvidosas e demagógicas.

Cansei de salários baixos.

Cansei de escolas precárias.

Cansei de imbecilidades burocráticas.

Cansei de sofrer ameaças sem poder revidar.

Cansei de discursos-clichê sobre transparência, ética e cidadania.

Cansei do "Caguei" a que submetem a educação.

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15/8/2007 - O Dia

Vítimas em sala de aula

Professores abandonam carreira devido a agressões de alunos e doenças
provocadas pelas más condições de trabalho. No estado, só até maio, 2,8 mil
mestres entraram de licença médica


Carol Medeiros e Maria Luisa Barros

Rio - Com a saúde e às vezes até a vida ameaçadas, professores de escolas
públicas do Rio estão abandonando as salas de aula. Vítimas de doenças e
reféns da violência e da insegurança, muitos vêem seus próprios alunos se
transformarem em agressores que intimidam e atacam. Impotentes diante do
medo, tentam se esconder e recomeçar. Segundo dados da Secretaria Estadual
de Educação, de janeiro a maio 2.800 docentes entraram de licença por
motivos de saúde sem alta prevista. No mesmo período, outros 2.020 docentes
simplesmente abandonaram o cargo.

O êxodo de mestres preocupa o Ministério da Educação (MEC), que estuda
medidas para cobrir déficit de 710 mil docentes no Brasil. De acordo com
relatório do órgão, o País vive ameaça de "Apagão do Ensino Médio", como O
DIA vem mostrando desde domingo.

As doenças psiquiátricas são a principal causa de afastamento dos mestres -
mais de 50%, de acordo com o Sindicato Estadual de Profissionais da Educação
(Sepe). Recentemente, doença conhecida como Síndrome de Burnout, ou Síndrome
do Desgaste Profissional, tem acometido milhares deles.

"Existe uma despreocupação com a saúde do professor. A doença acomete
pessoas que são muito dedicadas ao trabalho e não têm boas condições para
exercê-lo. No caso dos mestres, eles se sentem acuados diante dos baixos
salários, jornada excessiva, prédios malconservados, falta de equipamentos e
violência", atesta a psicóloga Gisele Levy.
Pesquisadora da Uerj, ela verificou que 70% dos mestres de cinco escolas
municipais de Niterói sofrem da síndrome, que causa grande exaustão física e
emocional.
Em setembro, a síndrome fez mais uma vítima. Apaixonada pela profissão, B.,
51 anos, desenvolveu a doença ao longo de seis meses de convívio com alunos
de uma escola municipal da Zona Sul do Rio. Submetida à rotina sufocante de
ameaças, xingamentos e humilhações, a professora de Português não suportou a
pressão e entrou em licença médica. Hoje, vive à base de antidepressivos e
não consegue se aproximar de uma escola.

"Quando entrei para o município, achei que tinha chegado ao paraíso, mas
descobri que era o inferno. Professor é um lixo para eles", lamenta. Seu
sofrimento começava no domingo à noite. "Era outra pessoa. Vivia tensa,
pensando no que ia enfrentar no dia seguinte", relembra.
Há três meses, M., 30 anos, também deixou a escola. Professora de Geografia
de uma escola estadual na Baixada, foi agredida por uma de suas alunas
quando esperava o ônibus de volta para casa. Durante a aula, a estudante se
revoltou ao receber sua média. Gritou e xingou M., que, acuada, concordou em
rever a nota. "Achei que estava resolvido. Fui pegar ônibus e de repente ela
apareceu. Agarrou meu cabelo e começou a me dar socos no rosto, abrindo
minha testa. Saía muito sangue, fiquei em choque. Outros alunos me
socorreram", conta. No início do mês, M. voltou à sala de aula, depois de
conseguir transferência para outra escola.

NÓDULOS NAS CORDAS VOCAIS AFETAM MESTRA

Problemas na voz e articulações são, atrás de males psiquiátricos, as
grandes causas de licença médica. Eliana Cunha, 42, é mais uma vítima de
doença comum entre os docentes: fendas nas cordas vocais. Sem tratamento,
elas se transformaram em nódulos que podem progredir para câncer de laringe.
Impossibilitada de dar aula, foi readaptada como coordenadora pedagógica
após 13 anos dando 42 tempos de Português por semana."O salário baixo nos
obriga a ir além dos limites. O médico disse que, se não parar, serei
aposentada à força", conta.



AMEAÇA E PROBLEMAS DE SAÚDE
Aos 40 anos, R. tem duas faculdades e cinco anos de magistério. Mas nem toda
a sua experiência a preparou para enfrentar a ameaça de um aluno. Professora
de Ensino Religioso, teve que fugir da escola onde dava aula, na Baixada
Fluminense. Seu crime foi ter chamado a atenção do jovem, que arrastava a
cadeira fazendo barulho. "Ele veio para cima de mim gritando e chegou a me
ameaçar de morte. Ele já era maior de idade, a gente nunca sabe com quem
está lidando. Fiquei transtornada e me senti completamente vulnerável. Tive
crise nervosa que provocou queda de cabelos e precisei de tratamento. Acabei
descobrindo que vários professores já tinham sofrido com xingamentos e
agressões", conta.

ESTRESSE, PRESSÃO ALTA E PAVOR
Cercada por pichações, B. tentava em vão atrair a atenção dos 50 alunos.
"Era o caos. Horrível. Eles se xingavam, casais se agarravam dentro de sala.
Imitavam animais e gritavam sem parar uns com os outros. Quando virava para
o quadro me atiravam bolas de papel com cola. Um aluno me contou que
incendiou até a morte outro menino preso a um pneu. Vivia com pressão alta
até que um dia entrei em desespero e quebrei a minha cozinha", lembra.

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