segunda-feira, 26 de abril de 2010

Mais uma da dona vera - A verdadeira história dos tres porquinhos


A VERDADEIRA HISTÓRIA DOS TRÊS PORQUINHOS
(Tal como foi contada a Jon Scieszka)
Eu sou o lobo. Alexandre T. Lobo. Pode me chamar de Alex. Eu não sei como começou todo esse papo de Lobo Mau, mas está completamente errado. Em todo o mundo as pessoas conhecem a história dos Três Porquinhos. Ou, pelo menos, acham que conhecem. Mas eu vou contar um segredo. Ninguém conhece a história verdadeira, porque ninguém jamais escutou o meu lado da história. Talvez seja por causa da nossa alimentação. Olha, não é culpa minha se os lobos comem bichos engraçadinhos como coelhos e porquinhos. É apenas o nosso jeito de ser. Se os cheeseburgers fossem uma gracinha, todos iam achar que você é mau. Mas, como eu estava dizendo, todo esse papo de Lobo Mau está errado. A verdadeira história é sobre um espirro e uma xícara de açúcar. Esta é a verdadeira história:
No tempo do Era uma vez, eu estava fazendo um bolo de aniversário para minha querida e amada vovozinha. Eu estava com um resfriado terrível, espirrando muito. Fiquei sem açúcar. Então resolvi pedir uma xícara de açúcar emprestado para o meu vizinho. Agora esse vizinho, vejam vocês, era um porco. E não era muito inteligente também. Ele tinha construído a sua casa toda de palha. Dá pra acreditar? Quero dizer, quem tem a cabeça no lugar não constrói uma casa de palha. É claro que, assim que bati, a porta caiu. Eu não sou de ir entrando assim na casa dos outros. Então chamei: “Porquinho, Porquinho, você está aí?” Ninguém respondeu. Eu já estava a ponto de voltar para casa sem o açúcar para o bolo de aniversário da minha querida e amada vovozinha. Foi quando meu nariz começou a coçar. Senti o espirro vindo. Sabe o que aconteceu? Aquela maldita casa de palha desmoronou inteirinha. E bem no meio do monte de palha estava o Primeiro Porquinho – mortinho da silva. Ele estava em casa o tempo todo. Seria um desperdício deixar um presunto em excelente estado no meio daquela palha toda. Então eu o comi. Imagine o porquinho como se ele fosse um grande cheeseburger dando sopa.
Eu estava me sentindo um pouco melhor. Mas ainda não tinha minha xícara de açúcar para fazer o bolo de aniversário da minha querida e amada vovozinha. Então fui até a casa do próximo vizinho. Esse vizinho era irmão do Primeiro Porquinho. Ele era um pouco mais esperto, mas não muito. Tinha construído a sua casa com lenha. Toquei a campainha da casa com lenha. Ninguém respondeu. Chamei: “Senhor Porco, Senhor Porco, está em casa?”. Ele gritou de volta: “Vá embora, Lobo. Você não pode entrar. Estou fazendo a barba de minhas bochechas rechonchudas”. Eu tinha acabado de pegar na maçaneta quando senti outro espirro vindo. Eu inflei. E bufei. E tentei cobrir minha boca, mas soltei um grande espirro. Você não vai acreditar, mas a casa desse sujeito desmoronou igualzinha à do irmão dele. Quando a poeira baixou, lá estava o Segundo Porquinho – mortinho da silva. Palavra de honra. Na certa você sabe que a comida estraga se ficar abandonada ao relento. Então fiz a única coisa que tinha de ser feita. Jantei de novo. Era o mesmo que repetir um prato. Eu estava ficando tremendamente empanturrado. Mas estava um pouco melhor do resfriado. E eu ainda não conseguira aquela xícara de açúcar para o bolo de aniversário da minha querida e amada vovozinha. Então fui até a casa do próximo vizinho. Esse sujeito era irmão do Primeiro e do Segundo Porquinho. Devia ser o crânio da família. A casa dele era de tijolos. Bati na casa de tijolos. Ninguém respondeu. Eu chamei: “Senhor Porco, o senhor está?”. E sabe o que aquele leitãozinho atrevido me respondeu? “Cai fora daqui, Lobo. Não me amole mais”. E venham me acusar de grosseria! Ele tinha provavelmente um saco cheio de açúcar. E não ia me dar nem uma xicrinha para o bolo de aniversário da minha querida e amada vovozinha. Que porco! Eu já estava quase indo embora para fazer um lindo cartão de aniversário em vez de um bolo, quando senti um espirro vindo. Eu inflei. E bufei. E espirrei de novo. Então o Terceiro Porquinho gritou: “E a sua velha vovozinha pode ir às favas”.
Sabe, sou um cara geralmente bem calmo. Mas quando alguém fala desse jeito da minha querida e amada vovozinha eu perco a cabeça. Quando a polícia chegou, é evidente que eu estava tentando arrebentar a porta daquele porco. E todo o tempo eu estava inflando, bufando e espirrando e fazendo uma barulheira dos diabos. O resto, como dizem, é história.
Tive um azar: os repórteres descobriram que eu tinha jantado os outros dois porcos. E acharam que a história de um sujeito doente pedindo açúcar emprestado para fazer um bolo de aniversário para a querida e amada vovozinha não era muito emocionante. Então enfeitaram e exageraram a história com todo aquele negócio de “bufar, assoprar e derrubar a sua casa”. E fizeram de mim o Lobo Mau.
É isso aí. Esta é a verdadeira história. Fui vítima de uma armação. Mas, talvez você possa me emprestar uma xícara de açúcar? Ainda quero fazer um delicioso bolo de aniversário para a minha querida e amada vovozinha. Hein, Hein?

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