domingo, 29 de março de 2009

O fogo do olhar

No domingo do dia oito de março, fui numa apresentação de dança do ventre.

Como professor de yóga, não posso opinar muito profundamente a respeito dos benefícios dessa exótica modalidade de dança; mas posso expressar minha admiração pelo grande trabalho que está sendo feito pela rede El Helwa.

Antes de prosseguir, confesso que este tipo de dança me agrada muito e talvez este fato interfira no meu pré-julgamento. Porém, como humanista e adepto da classe bioenergética, afirmo que aquilo que eu presenciei, desde a primeira vez em que observei a primeira moça dançando, foi um milhão de vezes melhor do que qualquer tipo de erotismo com os quais a sociedade ocidental está acostumada.

Já a partir da primeira dança, me apaixonei, não pela moça, não pelas suas partes do corpo, mas sim pelo que consegui ver além. Me foi possível, a partir do ponto de observação e audição em que me encontrava, testemunhar algo que geralmente não acontece, é pouco procurado, e muito menos apreciado por muitos ocidentais.

Foi possível mais uma vez perceber, nos olhos das moças, dentro dos olhos de todas e cada uma delas o fogo da decisão, segurança e atitude.

Nos dias atuais, está cada vez mais difícil delimitar papeis dos homens e das mulheres na sociedade, pois, haja visto que desde aquela queimada dos soutiens na década de 60, muitos homens estão digamos, como baratas tontas; porém, algumas mulheres, como tiveram que encontrar sua própria independência, acabaram por bater de frente com sua própria personalidade e situação feminina (antigamente pré-determinada pela sociedade machista como somente ‘aquela que vai parir, cuidar da cria, da casa e do marido’) e tomar uma atitude. Poderia afirmar categoricamente que qualquer uma e todas aquelas moças, ao fazerem aqueles tipos de performances, exercitam as características da decisão, segurança e atitude, muito valorizadas pelas pessoas que sabem apreciar o que é bom e útil.

Sou impelido a afirmar que durante a apresentação da dança do ventre, pude ver os olhos das moças, meninas e mulheres. Mas indo mais fundo, que é o meu objetivo deste texto, considero importantíssimo comentar a respeito dos olhares.

Como observador, tenho como opinião que é de suma importância relatar que foi algo diferente; ver aquelas mulheres dançando com toda aquela desenvoltura naquelas lindas roupas exóticas foi uma experiência única. É comparável ao se presenciar o nascimento de uma flor de lótus, tão lindo quanto esse acontecimento que só ocorre no meio do lodo, fato este que afirma e reafirma que todas as mulheres são lindas e especiais em sua própria maneira particular.

Além disso, foi possível observar também o brilho nos olhos de alguns pais, maridos, namorados, noivos acompanhados de um sorriso; dessa forma eu obtive a confirmação de um dos aspectos mais bonitos existentes na relação homem-mulher que é a Aceitação tanto delas em relação ao próprio corpo delas, às possibilidades e habilidades delas, quanto deles referente ao fato de participarem desta escolha feita por elas.

Parabenizo todas as moças e mulheres de força, pois sei muito bem que é muito mais difícil que os homens ocidentais aprendam a ser mais sensíveis do que as mulheres aprenderem a ser mais fortes, seguras e decididas daquilo que elas mais desejam.

Bom, aqui deixo também o endereço do espaço da professora de dança do ventre, Munera el Helwa.

RUA PADRE BENEDITO DE CAMARGO 359

PENHA

TEL: 2647-0160

Namastê

2 comentários:

disse...

"o fogo do olhar" profunda essa frase.
bye

Idéias disse...

Também gostei fê. O povo gostou muito dessa matéria.
by